Chamada para Crianças na FLIFEA 2015

Nós, Coletiva Organizadora da 1ª Feira do Livro Feminista e Autônoma de Porto Alegre, entendemos a necessidade de que o espaço da Feira seja seguro e acolhedor para mães e crianças. Normalmente, os espaços de articulação não contemplam as urgências da maternidade e do público infantil, desamparando mães e tornando os espaços inacessíveis e pouco convidativos. Nas situações nas quais existe um espaço voltado para o cuidado com as crianças, este continua sendo organizado pelas próprias mães, revezando-se e dividindo as tarefas entre si, sem a responsabilização coletiva efetiva do grupo para além das mães.

Estamos cientes da necessidade da movida feminista de mudar essa situação – se não na sociedade, ao menos nos nossos meios. Por isso propomos, para a I FLIFEA, uma grupa de pessoas dispostas a criar uma Ciranda Infantil, pra que o espaço da Feira seja acolhedor e seguro também para as crianças – e para as mulheres que são mães possam estar tranquilas e totalmente presentes.

Convidamos as pessoas que quiserem colaborar na divisão da responsabilidade com o cuidado das crianças ou que quiserem propor atividades para a Ciranda a entrar em contato pelo nosso email (enviar com o assunto Ciranda) e a preencher o seguinte formulário para podermos montar a grade de programação infantil da feira: pt.surveymonkey.com/r/RQFGN99

 

Local da Feira

Muitas pessoas nos perguntam sobre onde acontecerá a FLIFEA-PoA, e essa inquietação aumenta com a proximidade da data. Queremos, portanto, avisar que, por diversos motivos, o local de realização da Feira será divulgado apenas nos dias próximos ao seu acontecimento. Temos nos ocupado em garantir que estejamos num lugar que nos permita a autonomia que precisamos para poder compartilhar nossos saberes de maneira tranquila e confortável num lugar acessível, em breve avisaremos como chegar até lá.

Construção da programação e prazo até 30 de setembro

A 1ª Feira do Livro Feminista de Porto Alegre está se aproximando e durante este processo de organização já recebemos diversas propostas de atividades para compor a Feira como um momento de troca dos nossos conhecimentos. Mas sabemos que as possibilidades são infinitas, e que ainda tem muitas possibilidades de compartilhamento que não entraram na programação. Estamos nos organizando para receber propostas de atividades até esta quarta-feira, dia 30 de setembro, ainda dá tempo de se somar! São bem vindas propostas que visibilizem nossas experiências, histórias e criações, tudo aquilo que considerarmos interessante de compartilhar em forma de conhecimentos, criações, habilidades e ideias a partir da provocação de pensar/viver feminismos e autonomia.

Título:
Tipo de atividade:
Responsável:
Nome no We ou e-mail para contato:
Condições necessárias (espaço, recursos…):
Tempo estimado:
Dia e horário de preferência (sábado ou domingo, manhã ou tarde):

Expositoras de materiais

Nome da banca (se tiver):
Tipo de material para expor:
Nome no We ou e-mail para contato:
Condições necessárias:

A programação da FLIFEA se organizará da seguinte forma:

  • um encontro bruxístico para abrir os trabalhos na sexta feira (30/10), que terá a dinâmica de sarau, ;
  • ao longo de sábado e domingo (31/10 e 1º/11) haverá exposição de bancas e acontecerão as oficinas, bate-papos e demais atividades propostas para a programação;
  • na segunda-feira (02/11) acontecerá um ato de “Finadas”, aproveitando a data para falar sobre nossas mortas, visibilizando a existência do feminicídio e nossas resistências a esse processo.

 

Nota de repúdio ao evento de facebook criado pela página Porto Alegre Cultura

Recentemente, a página Porto Alegre Cultura criou um evento no Facebook convidando para a 1ª Feira do Livro Feminista e Autônoma de Porto Alegre. Quem tem acompanhado a construção da 1ª FLIFEA-POA percebe que este tem sido um processo coletivo cuidadoso, no qual nos propomos a pensar sobre nossa autonomia em muitos âmbitos da vida, inclusive – e muito – em termos de segurança na internet.

Essas reflexões estão presentes em todos os textos publicados neste blog, e se traduzem na maneira como estamos chamando as pessoas para participar da construção da Feira, coisa que NÃO TEM ACONTECIDO ATRAVÉS DO FACEBOOK. Sabemos que essa rede social é atrativa aos olhos e aos egos, e que parece grande coisa ter milhares de curtidas ou confirmações de presença, mas pra nós é muito mais significativo garantir nossa segurança pessoal e coletiva e não nos expormos à vigilância que essa ferramenta permite sobre as nossas vidas. Dessa forma, optamos por nossos principais meios de divulgação e diálogo serem o nosso blog e o e-mail, decisão que, de forma desonesta, foi rompida e violada. A criação de um “evento” de facebook – um dos mais introjetados e naturalizados mecanismos de controle cotidiano – por parte de uma página que não tem NENHUMA relação com a organização da Feira demonstra uma tentativa explícita de captura, sequestro, assimilação e controle desta iniciativa autônoma para fins de autopromoção.

Diferentemente do que acaba ficando implícito na criação desse “evento”, assim como nos comentários que se seguiram à sua divulgação, a Feira não se propõe a tratar da luta histórica que é o feminismo como uma “tendência do momento” ou como um produto a ser consumido. E certamente não é de nosso interesse proporcionar MAIS UM espaço virtual para que os feminismos se choquem dentro da ilusão de diálogo político que o facebook cria, mas sim um espaço presencial onde nossas práticas feministas possam coexistir e dialogar – a partir do dissenso e conflito também, por que não? Por isso, inclusive, não nos interessa fazer um evento no facebook e nos parece muito oportunista que alguém passe por cima desta organização autônoma que se propõe resistente a esses mecanismos pra se promover com esse tipo de polêmica destrutiva.

Sim, temos o objetivo que a Feira seja aberta para todas, que todas se sintam livres para ir e vir nesse espaço, mas que garanta a segurança dessas pessoas presentes. Por isso, acreditamos que essa divulgação via facebook fere nossas estratégias, nos expondo em um evento público e amplamente divulgado para pessoas que podem estar ocasionalmente vinculadas a grupos com os quais não compartilhamos de uma mesma ética-política (como pudemos perceber em posts que surgiram durante as 48 horas de vida desse “evento”).

Por isso, chamamos aquelas que querem apoiar a FLIFEA a denunciar este evento de facebook, para derrubar este espaço virtual criado arbitrariamente. Para quem se identifica com a proposta da Feira e quiser se somar na construção, seguem abertos os mesmos canais de comunicação usados até agora, e segue aberta a chamada para propor atividades, até o dia 30 de setembro.

Reunião com quem quer propor atividades ou se somar à organização

Neste sábado, 12 de setembro, acontecerá pela tarde uma reunião para juntar aquelas que querem propor atividades e/ou se somar de alguma forma à organização da 1ª Feira do Livro Feminista e Autônoma de Porto Alegre. Gostaríamos de frisar que, apesar de a feira se propor a colocar em evidência livros e escritas feministas, queremos construir um espaço para troca de conhecimento com autonomia de todas as formas, então também são bem-vindas propostas de oficinas, debates, relatos de experiências, vídeos, música e todo tipo de expressão vinda daquelas que se sentirem convocadas por esta iniciativa.

1ª Feira do Livro Feminista e Autônoma de Porto Alegre!

Partimos das nossas diferentes experiências para fazer um chamado à construção da 1ª Feira do Livro Feminista e Autônoma de Porto Alegre, entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro de 2015. Um espaço que se proponha a ser coletivo e plural na escuta e nas expressões das nossas diferentes vivências feministas, onde possamos nos encontrar para a troca de publicações, materiais, ideias e saberes. Esta é uma iniciativa feminista para afirmar a nossa presença no tempo e na história, problematizando o que é dito, como é dito e por quem é dito. Por isso a feira se posiciona de maneira autônoma em relação ao mercado editorial, ao estado, ao capital e a todos os lugares onde o patriarcado se reproduz. Arranquemos os tentáculos das esferas institucionais que produzem mentes e corpos!

Vemos numa feira a possibilidade de trocas na presença, um encontro que faça florescer resistências e circular ideias. Propomos fazer isso especialmente a partir dos livros, para que nossas palavras tenham eco para além da solidão e virtualidade das telas. A experiência do encontro e a materialidade do livro nos transformam, gerando outras relações com a vida e com as ideias que fazemos dela: é preciso lembrar, imaginar e criar. A escrita é uma linguagem privilegiada para registrar nossa memória de resistência, e daquelas que já percorreram caminhos similares antes de nós, lutando assim contra o apagamento e silenciamento das nossas vozes. Por isso fazemos esta feira: para (re)editar livros, conversar sobre eles, escrever, traduzir… Recuperando historias, contando as nossas próprias, resgatando conhecimentos, criando novos mundos.

O impulso de compartilhar e debater através da escrita tem movido feministas a gerações como forma de resistência e construção de autonomia. Não podemos ignorar ou esquecer experiências que são fortes, nem sempre fáceis de contar porque também carregam dor. Incontáveis mulheres foram reprimidas, censuradas, perseguidas e mortas pelo que escreveram ou pelo que foi escrito sobre elas em livros. Uma imagem importante usada ao longo da história para este fim foi a da bruxa, um símbolo que continua sendo construído de forma a justificar violências misóginas. A bruxa está associada a figuras femininas que se dedicam a compartilhar conhecimento, caçadas por promover espaços de encontro nos quais seus saberes são transmitidos, e incriminadas por serem mulheres que se relacionam de outra forma com seus corpos, sua saúde, sua sexualidade. São aquelas que colocam em risco a ordem vigente e não servem ao processo do capital: elas têm poder sobre si mesmas.

Mecanismos de poder buscam sistematicamente assimilar as diferentes formas de existir, cercando as ideias, os espaços e os corpos para que se enquadrem dentro de um sistema que perpetua múltiplas opressões. Apesar disso, a resistência continua acontecendo através de práticas autônomas ao estado, ao mercado, ao patriarcado. Construímos coletivamente nossa autonomia fortalecendo mecanismos de apoio mútuo, compartilhamento de conhecimentos, autodefesa e confiança em nós mesmas.

Este é um chamado para aquelas que desejam construir esta Feira do Livro Feminista e Autônoma horizontalmente, com corresponsabilidade e cuidado para garantir encontros e vivências a partir das diferenças e construir autonomamente os meios para que mulheres se encontrem e troquem entre si.